sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O corpo em questão Uma questão filosófica



A sociedade que idolatra o corpo, diviniza a saúde, mata – assassina o mesmo corpo.
Os meios de comunicação divulgam lugares ou atividades para se cuidar do corpo.
Ser da classe superior ou da classe popular representa muita diferença no aspecto do corpo.
Boltanski(1979:171) fala que cresce a frequência da pratica de um esporte quando passa da classe popular para a classe superior.
Tudo isso está ligado a consciência pois Boltanski (1979:171) cita: “a medida que se descresce a parte relativa da força corporal no conjunto de fatores de produção, o corpo torna-se a ocasião ou pretexto para uma quantidade sempre crescente de consumos.




O corpo afirmado
Fica evidente o cuidado com a pele na procura pelos esportes, sauna, clinicas de beleza, ginástica, danças etc.
Os meios de comunicação divulgam lugares ou atividades para se cuidar do corpo.
Ser da classe superior ou da classe popular representa muita diferença no aspecto do corpo.
Boltanski(1979:171) fala que cresce a frequência da prática de um esporte quando passa da classe popular para classe superior.
Tudo isso esta ligado à consciência pois Boltanski(1979:171) cita: “a medida que se descresse a parte relativa da força corporal no conjunto de fatores de produção, o corpo torna-se a ocasião do pretexto para uma quantidade sempre crescente de consumos”.






Maurice Merleau Ponty(1808-1961) faz uma crítica a René Descartes(1956-1950) em questão do corpo.
Descartes coloca o corpo sendo
uma máquina que caminha por si, cujo funcionamento podia ser estudado parte por parte, peça por peça.
Merleau Ponty(1979:105) diz que o corpo não é uma coisa nem um objeto, mas é carregado de ambiguidade, de uma confusão, nós somos um corpo e dele não podemos separar a nossa consciência, pois ela está nele confusa, assim como o corpo está ambiguamente confundido com o mundo o corpo não é o em-si (máquina) e separado do para-si (consciência), porque a consciência se projeta no mundo físico e tem um corpo, assim como se projeta no mundo cultural e têm hábitos.
Há uma intimidade entre consciência e corpo, que o corpo não se distingue da consciência, é um “percipiente – percebido”, um “vidente – vísivel”, que não está no espaço e no tempo, isto é, que não pode ser colocado aqui ou ali, separado de nós, mas nele estamos aqui ou ali, fomos e somos e conhecemos nesta confusão tempo e espaço.
O corpo é sustentáculo do mundo e só temos consciência do mundo devido ao corpo (Merleau Ponty, 1979:109). Portanto corpo e consciência separados não existem, estamos instalados no mundo corporalmente e o sentido da confusão é: ambiguidade do ser no mundo se traduz na ambiguidade do corpo.

O corpo negado
O valor sobre o corpo é bem aproveitado e adaptado pelo consumismo da sociedade, organizada para cumprir a lógica do lucro: produzir mais para consumir mais, tendo mais lucro (Marcuse, 1973:29-31).
Por tráz do culto do corpo, acaba de acelerar todo processo de consumismo, que vai da indústria, passa pela estética, até chegar à indústria de esportes e acessórios (Asmann e Hinkelammert, 1979, 291-300).
O capital produz o corpo, não somente a sociedade nas suas relações, mas na individualidade de cada membro dessa coletividade.
Os trabalhadores são excluídos da categoria consumidora do corpo, pois o papel de seu corpo é produzir. Lima Junior fala: “o dia a dia opressivo é o conjunto de coisas e símbolos, entre si, relacionado, dentro de um modo específico de organização do fazer, do crer e do sentir onde o corpo é negado. (1988: 31).
Resumindo as camadas populares neste culto ao corpo, estão sendo golpeadas pois elas não cabem dentro dos padrões da racionalidade burguesa da estética e saúde, pois são magrelos ou obesos porém seus corpos servem para produzir somente diz (Alves, 1982. PP. 53-71).
Os lavradores lutam pela conquista de terra, estão lutando pelos seus corpos, uma dimensão coletiva do corpo. O operário que dizia SIM, e começou a dizer NÃO, esse NÃO significa pedido de reconhecimento de ser outro, de que o corpo não é máquina, sim coletividade.
As lutas populares exigem gratuidade, criatividade e buscam construção do novo.
A luta por assumir a história como espaço da procura e construção de libertação, a luta encontra exploração e a espoliação, coloca-nos em relação a natureza e o mundo como construção nossa.
Para Rubem Alves, a luta pela vida do corpo passa pela transformação da sociedade. Assim diz: “não podemos nos esquecer de que o corpo do homem, como sugerimos atrás, é um corpo social. Esta é a razão porque não pode haver uma esperança de ressurreição do corpo sem a transformação da sociedade”. (Alves, 1980:180).

 

Merleau Ponty diz o gozo gostoso pela vida e consciência corporificada, corpo conscientizado e que tomamos o corpo como máquina quando ele também é afetividade e ternura (1979;23)


eferência:
Trasferetti, José, Revista Humanidades Fortaleza, v. 17, n. 1, p 59-73, jan/jul 2002

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